A influencia das situações no nosso estado de espirito e dos lugares? Hoje foi um dia mau, sinto-o "no pasa nada" no entanto tenho a sensação de querer correr para o fim, agora acalmei, voltei ao meu antidepressivo mesmo agora "pequeño rock´n´roll"... dime quien te espera esta vez...conto os dias para passar a fronteira, o que de tão forte me chama? no lo se! Enfim quero ordenar e aclarar as minhas ideias... há pouco lembrei-me da minha avó, que eu amei tanto, e que com a sua morte se sumiu do meu coração e mente, estranha sensação, chega a ser "remordimiento"... Recordo aqui as vezes que jogamos às cartas, o Conde Monte Cristo I e II que lhe li e o amor incondicional que me tinha. O absurdo equivoco da perda prematura do meu pai preparou-me para outras perdas, desde aí relativas. A mi abuela, que todavia guia mis pasos y que todo mi perdona.

Vivam os latinos!

Quando fazia a ronda habitual pelo sítio divino fui dar aos grammy latinos, (onde orgulhosamente estamos nomeados, melhor canção e melhor album rock) e tropeçei em Santana é de facto um génio das cordas...

Tenho vontade de concordar com Saramago!

Este domingo ficamos em casa, recebemos a avó, a tia e a prima e comemos cozido...

Antes tinha ido ao c.comercial e comprei o Caim de Saramago...

Na ultima semana acompanhei toda a especulação jornalistica sobre o livro e as declarações do autor. José Saramago, sempre fiel a si mesmo e às suas convicções, tomou como sua a afirmação do seu amigo Manuel Alegre "a mim ninguém me cala!"

Pois eu durante o jantar de hoje (restos de cozido), mais precisamente na parte em que assistia à grande reportagem da SIC "Eu e os meus irmãos" sobre os orfãos da SIDA em Moçambique, pensei que talvez Saramago tenha razão...

Sérgio, ao que pude perceber com 18 ou 19 anos é o chefe de família após a morte de seu pai em 99 e sua mãe em 2006. Ele e três irmãos mais novos (Santos, Délcio e o Bilton, que quer ser mecânico) vivem felizes com nada, passaram a mais difícil provação que foi perder ambos progenitores, estiveram semanas sem comer, ainda hoje apenas fazem uma refeição por dia, não tem água, electricidade, não conhecem a rádio nem a televisão, MAS SÃO FELIZES, VÃO À ESCOLA, JOGAM À BOLA, CULTIVAM A MACHAMBA E AO DOMINGO REÚNEM-SE NA ESCOLA QUE NESSE DIA DA SEMANA É A IGREJA. Vão à igreja, ler a bíblia, cantar e dançar, ainda adoram um deus que lhes tirou tudo e em troca exige devoção e dedicação. Revolta-me saber que estas crianças foram e estão vulneráveis a todo o tipo de perigos, que não tem quem os defenda da SIDA, da fome, do mau caminho e que deus está preocupado com outros assuntos...
Retenho a imagem do camião, feito com latas, arame e papel de bolacha para ficar mais bonito, da subida ao coqueiro que Sérgio faz com a maior das destrezas, do jogo da bola, da cadeira tripé que Sérgio fez e como resultou ensinou os seus irmãos a fazer...E DO MEDO DE DORMIR SOZINHO À NOITE. No entanto Sérgio e os seus irmãos podem dormir de consciência tranquila e nós? e a igreja na sua mais alta e rica instância? e deus?

Como no!

Os elos de ligação entre as pessoas são algo que desde sempre me fascina, principalmente porque acredito que todos nós nos conhecemos e relacionamos em passagens anteriores....Só isso justifica, para mim, a empatia com uns e a completa "desempatia" com outros....
O que faz com que nos relacionemos tão bem, sejamos capazes de entender mesmo discordando com uns e com outros a sua simples presença nos incomoda?
Ao longo da minha vida raras foram as vezes que fui confrontada com o segundo cenário, mas ultimamente algumas pessoas causam esse efeito em mim. Felizmente tenho tido mais boas relações do que más, mas as más são mesmo más!
Odeio pessoas negativas, porque eu, que talvez tivesse razões para tal, sempre recusei entregar-me ao pessimismo e à auto comiseração....
Haverá algo melhor que o lado positivo das coisas negativas?

Apenas uma breve nota para um facto histórico, passam hoje 52 anos sobre a captura de CHE na selva Boliviana e assassinado no dia seguinte. Traído por aqueles cuja opressão os impediu de aceitar a liberdade das mãos do mais livre dos revolucionários.
Hasta Siempre Comandiante Che Guevara!

É estranho pensar e responder às nossas próprias questões...O Tomás tem tido uma evolução extraordinária. Para tal contribuiu em primeiro lugar o acompanhamento que teve....meu, do pai, da familia e das educadoras em casa até 2007, do infantário, da educadora que o acompanha pelo 3º ano consecutivo e das auxiliares, das educadoras do apoio (e educador), da terapeuta da fala, tantos..... Contudo, e apesar de o Tomás me surpreender constantemente, olho para ele estes dias e penso como será a integração na escola? Bem sei que Tomás ainda tem 2 anos lectivos pela frente até enfrentar as carteiras e o quadro, mas, e quando chegar o dia? Para já ainda não consegui desconstruir na minha mente o pior cenário. O Tomás será vitima da sinceridade cruel das crianças ou vitima da ignorancia dos adultos que "habitam" as nossas escolas!
Bom "verbalizar" de forma não verbal estas minhas angustias ajuda-me a olhar para o futuro do Tomás com esperança, nele e nos outros e esperar.....toca "I just i´ve to let it go...."(original "Watching the Wheels" - Lenon cover by Bunbury) Ninguem me poderia aconselhar melhor!

Ensaio sobre a ausência........

Todos os motivos foram boas desculpas para adiar o regresso a este ponto de encontro, ainda bem que inventaram a declaração de intenções de todos os inícios de cada ano!

Na verdade tive sempre assunto para escrever, mas muita preguiça também......mas como não só apologista do retroactivo não vou escrever sobre o passado, apenas dizer que o Tomás está muito bem, aliás esta em tudo MUITO...teimoso, engraçado crescido, esperto, desenvolvido, chato, pesado, querido, etc........

Os problemas com a educação do Tomás repetem-se teimosamente..........apoio educativo que tardou, turma reduzida que afinal já não é mas ao que tudo indica devia ser, falta de pessoal no infantário (mas com amor de sobra das que lá estão).

Enquanto estou aqui, na sala o pai tenta convencer o Tomás a ir para a cama e o meu raciocínio é interrompido pelo "nã tero" e o "grrrrrrr" do leão que assusta o pai..........é curioso o quão rápido passa o tempo e ao mesmo tempo como lenta é a nossa compreensão desse facto. O Tomás fará 5 anos precisamente daqui a um mês, e eu lembro-me de ter trocado uns emails com a mãe de um menino síndrome de Down sobre as fraldas e de ela me ter dito que o filho as tinha deixado por volta do 5 anos e lembro-me de pensar na longa caminhada que o Tomás teria pela frente e dos muitos pacotes e fraldas que ainda me faltavam comprar, mas afinal o tempo passou tão rapidamente e "por volta dos cinco" é já hoje.....(pese embora o facto de o Tomás ainda fazer questão de ajudar todos os meses pelo menos duas fábricas de fraldas, que mudam consoante as promoções, mantendo-se no entanto fiel à Dodot no que concerne às toalhitas)

Batizado do Tomás, aqui com a tia e em cima com o padrinho